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Chão Urbano

Chão Urbano ANO III Nº 05 Agosto 2003

01/08/2003

Integra:

ANO III Nº 05 Agosto 2003

 

                                                            Laboratório Redes de Infraestruturas e Organização Territorial - IPPUR/UFRJ  

 

                                                                                               Coordenação Mauro Kleiman  

 

                                                        Equipe: Aline Cid, Genivaldo Santos, Marcela Marques, Mirian Curado, Simone Arruda

 

 

 Infra- Estrutura e processo de urbanização

 

A persistência das palafitas e da ausência de água e esgoto

 

As palafitas retiradas da favela da Maré no Rio de Janeiro com o aterro da área para construção de casas e prédios de conjuntos para baixa renda; e as palafitas retiradas dos Alagados na Península Itapagipe em Salvador, retornam em outros lugares ou próximos da sua origem. A questão evidentemente reside na não resolução da questão de emprego e renda no Brasil, que conduz os mais pobres para a auto-construção de habitações precaríssimas. Habitações apoiadas em pedaços de madeira equilibrando-se sobre áreas alagadiças, portanto onde não é possível construir devidamente e onde “não há proprietário”, ou seja, é propriedade da União tem sido solução para os “pobres dos pobres”, aqueles abaixo da chamada linha da pobreza. Acompanha este tipo de habitação a ausência e ou precariedade de água e esgoto, que nela tem situação mais grave, mas que pode ser encontrada em todas as áreas de comunidades populares. Segundo a ONU “as deficiências em saneamento atingem 83 milhões de pessoas no país” (“ONU: apenas 59% dos lares tem acesso a rede de esgoto no Brasil” – O Globo 07/10/2003). Sendo que “a maior parte dos que moram em áreas que tem abastecimento regular de água não podem acessá-la por falta de renda para pagar as tarifas” (O Globo – 07/10/2003). No Nordeste o abastecimento de água atinge apenas 70,6% dos domicílios e contando coleta de esgoto por rede ou por fossa sanitária tem se menos da metade dos domicílios: 42,8%. Nas palafitas em Recife sob o Rio Capibaribe não há água encanada, esgoto nem acesso oficial à rede elétrica(“Um Nordeste aonde o progresso não chegou” – O Globo 11/10/2003). As práticas cotidianas nas palafitas, seja no Recife, em Salvador, e agora na sua nova proliferação no Rio nas Lagoas da Barra e Jacarepaguá(“A Barra das duas mil palafitas” – O Globo 30/09/2003) são o lançamento direto do esgoto na maré, no rio ou nas lagoas, e a busca várias vezes ao dia de água e as ligações clandestinas de luz e o “gato” na rede de água mais próxima. A persistência das palafitas e da ausência de água e esgoto na vida cotidiana das comunidades populares é um sinal muito forte evidenciando a marca da desigualdade social no país. Até quando e até onde não colocaremos na pauta uma política de emprego/renda e saneamento básico univesalizante?    

Mauro Kleiman

A problemática da Linha Amarela

 

A mais importante via expressa do Rio de Janeiro, conectada a linha vermelha, ligando o Aeroporto a Barra da Tijuca, vem sofrendo várias reclamações e sendo alvo de grupos de marginais que aterrorizam com assaltos e bondes. As duas vias tinham como objetivo um rápido e fácil acesso do bairro nobre, que vem adquirindo uma boa infraestrutura e rede de serviços, para abrigar os turistas vindos de outros estados e países, mas com a expansão do complexo de favelas da maré, o número de conflitos entre gangs de diferentes facções do tráfico de drogas vem  promovendo ondas de terror na  faixa de conexão Linha Amarela- Linha Vermelha. Não só os turistas vem sofrendo com os assaltos, como também os usuários das vias e os alunos dos cursos noturnos da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade, que são os que mais fazem uso deste caminho para chegar as suas casas (“Tiroteio leva pânico a motoristas na Linha Amarela”- O Globo 12 de maio de 2002). Outro grande problema da via expressa seria a cobrança de pedágio aos motoristas, já que estes além de pagar impostos como o IPVA devem pagar pedágio se quiserem fazer uso do percurso até a Barra da Tijuca, lembrando também que os impostos servem para construir e manter o patrimônio público e se pagamos impostos e para isso que eles servem (“Lamsa paga R$ 25 mil para PM” Jornal do Brasil ). Podemos ainda apresentar o quadro de congestionamentos que ocorrem, principalmente no Verão, onde a população residentes nos subúrbios cariocas e a da Baixada Fluminense fazem uso da via expressa para se chegar até a praia da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e outras, que ao se aproximarem ou passarem da praça de pedágio sofrem com os constantes engarrafamentos que ali ocorrem, demonstrando a grande necessidade de se construírem outras saídas e outros viadutos para que se escapem dos congestionamentos (“Linha Amarela tem mais dois canteiros de obras” – O Globo). Mostramos com isso que além da segurança a rapidez é um importante fator na nossa sociedade, e a construção e / ou ampliação de outros veículos de transporte é essencial para a nossa cidade, que cresce a cada dia e com o aumento do número de veículos, tende a Ter muitos outros problemas conforme o passar do ano.

Marcela de Fátima

 

 

PUBLICAÇÕES

Em breve estaremos lançando o novo livro do Prof. Mauro Kleiman- Redes de Água e Esgoto na construção do Rio de Janeiro- 1938-2001: Território de Desigualdades.

Para reservar seu exemplar mande-nos um e-mail para kleiman@ippur.ufrj.br

Nossas publicações:

Livro: Os construtores Do moderno no Rio de Janeiro.

          Mauro Kleiman

Questões Territoriais-

 Permanências e Inovações nas redes de

Infra-estruturaUrbana no período de 1975-94: a dilatação do espaço metropolitano do Rio deJaneiro, num movimento de “mão-dupla”. Ano I, nº 01  Infra-estrutura da região do Porto de Sepetiba. AnoII, nº02

 

Resenha Urbana, Ano I, nº01 Para adquiri-los mande-nos seu pedido para kleiman@ippur.ufrj.br.

Obs: ao preço será acrescido o valor por envio pelo correio.

 

 

 

 

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