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Chão Urbano

Chão Urbano ANO I Nº 08 Abril 2001

01/04/2001

Integra:

 

ANO I Nº08 Abril 2001

                                                                                         

                                                              Laboratório Redes de Infraestruturas e Organização Territorial - IPPUR/UFRJ  

Coordenação Mauro Kleiman  

Equipe: 

    Equipe: Nina Elisa R.da Silva, Leriane Romão, Sonia Wagner, Vanessa Pereira

 

                                                                                                            Opinião

 

                                                                                       Crise da energia elétrica e as cidades

 

O iminente racionamento de energia elétrica, com seus mais que possíveis cortes de luz, (“Racionamento começa em 1º de junho”- O Globo 09/05/01) revela, por um lado, a falta de investimentos na produção e distribuição (“Governo esperou pela chuva” JB 12/05/01) e por outro, a forte relação entre rede de energia elétrica e a cidade contemporânea. Sendo essencial tanto para os transportes, como para água e esgoto, e comunicações / informações, os “apagões” paradoxalmente trarão “luz” para a compreensão da cidade como um sistema de redes com base e alavancagem na rede elétrica. Nos transportes atingir-se-á não apenas aqueles que se movem por eletricidade – trens, metrô (“Trens ameaçados” – JB 12/05/01), mas a rede viária e portanto a circulação automotiva, meio predominante de transportes nas cidades brasileiras (“Apagões podem tornar ruas do Rio um caos” – O Globo 11/05/01), pois a “Light não tem como manter energia para o funcionamento da sinalização” prevendo-se enormes engarrafamentos, acidentes e aumento da insegurança (“Rio ficará sem sinais nos apagões” – JB 11/05/01). Já as redes modernas de água e esgoto funcionam através de rede de energia elétrica. É esta que permite que a água chegue a ser distribuída pela vasta extensão, densidade e verticalização de nossas cidades com a mesma regularidade, volume, pressão, etc. É também a energia elétrica que impulsiona os esgotos o mais rapidamente para longe das casas; faz funcionar as estações de tratamento. Sem energia elétrica rapidamente a água não pode mais ser bombeada, o esgoto não pode mais ser impulsionado. Por seu turno as comunicações / informações serão afetadas com as redes de TV, rádio, internet, sendo paralisadas com os cortes. Teremos então com os apagões da rede elétrica um retrocesso a uma situação de 150 anos atrás quando as cidades não tinham ainda as modernas redes de infra-estrutura urbana, e portanto não eram as mesmas nas quais vivemos hoje. A ênfase no controle da moeda em detrimento dos devidos investimentos em infra-estrutura produtiva e urbana sem a qual nenhum país se desenvolve mostra o equívoco da opção feita, com trágicas consequências para um território majoritariamente urbanizado como encontra-se o Brasil (Na década de 1960 quando dos “apagões”, em 1963 o país tinha 45,5% da população urbana e agora chega a cerca de 85%!).

                                                                        

                                                                               

                                                                                 Dinâmica Imobiliária e Estruturação Urbana

 

 

O enorme crescimento da área da Barra, Recreio e Jacarepaguá, evidenciado por inúmeros lançamentos  imobiliários e comerciais (notadamente de shopping-centers) apresenta agora a migração de empresas para instalarem-se na região (“Empresas a caminho da Barra” – JB 12/05/01). Grandes empresas já se mudaram ou estão a caminho de instalarem-se na Barra (Michelin, AT&T, Esso, Shell, Amil). Assim apesar de 70% dos 5,4 milhões de m2 de escritórios concentrarem-se no Centro, observa-se agora uma tendência em direção à área de expansão “nobre” à oeste que com empresas instalando ali suas redes amplia suas funções primordialmente residenciais, que trouxeram um comércio forte e qualificado em busca da população de renda mais alta ali localizada, tornando visível sua função de subcentro. Configurando-se essa nova função e tendo em vista que o Plano Lúcio Costa reservou grande área para torres de empresas e comércio no que denominou de Centro Metropolitano do Rio de Janeiro, estaremos assistindo a uma importante modificação na estruturação urbana do Rio. Permanecendo o centro histórico como pólo importante para uma vasta área e mesmo revitalizando-se (“De volta ao Centro” – O Globo 13/05/01), e consolidando-se o crescimento, adensamento e múltiplas funções à oeste, teríamos possivelmente uma polinuclearidade singular sendo colocada no padrão das cidades brasileiras.

Mauro Kleiman

 

  Lançamento                                    

Já está à venda na biblioteca do IPPUR o livro “Construtores do Moderno Rio de Janeiro – empresas na construção das redes de infra-estrutura de água, esgoto e viárias no Rio de Janeiro – 1ª parte – período 1938-65”, do Prof. Mauro Kleiman. Chão Urbano na Internet: www.ippur.ufrj.br/chaourbano.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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